Olá bubbles
Decerto vocês já ouviram falar na mais recente e polémica alteração à lei do Código do Animal que limita o número de animais domésticos a 2 cães ou 4 gatos, no caso de apartamentos, ou a 6 animais no caso de quintas.
Decerto também já deveríamos estar habituados às ideias mirabolantes que saem das mentes iluminadas que regem este país.
Todavis, neste caso, esta foi daquelas ideias que me aborreceu bastante, pois apesar de neste momento não ter animais a viver comigo (em casa, no prédio a conversa já é outra), penso que esta seja mais uma daquelas "leis" que servem apenas para chatear o cidadão contribuinte e para aumentar ainda mais o descontentamento geral do qual a população já sofre e em grau elevado, para já não falar no aumento do número de animais em instituições que daí advirá.
"É uma alteração criada com vista ao bem-estar dos animais e dos donos", dizem eles.
Esquecem-se eles é que a lei não visa tipologias de residências (os T's) nem as raças de animais que nelas habitam.
Assim sendo, e se a lei passar no malfadado Conselho de Ministros (apesar de Assunção Cristas dizer que "de momento, há coisas mais importantes de que tratar"),eu posso ter dois S.Bernardos ou dois Grand Danois (raças de grande porte) a viver comigo num T0; em contrapartida, já não posso ter três Pug ou Chihuahuas a morar num T5.
Alguém me pode explicar a lógica disto? No caso do T0,
onde está o bem-estar dos meus cães?
Não contempla também a dita lei o facto de eu poder ter um apartamento, ter de passar o dia todo fora e o meu animal ficar um dia inteiro sozinho, sem poder ir à rua e sem atenção.
Mais uma vez,
onde está o bem-estar do meu animal?
Porque é que em vez destas leis de cárácácá não se criam antes programas de aptidão para adopção animal? Não seria muito mais positivo e construtivo para o bem-estar dos animais (e dos donos) se estes fossem entregues a quem realmente gosta deles, os quer de verdade e tem possibilidades e disponibilidade económica e emocional para tomar conta deles?
Porque é que existe tanta burocracia aquando da adopção duma criança mas a adopção de um animal já é feita de ânimo leve?
Os filhos querem um bichinho, porque é giro, é pequenino, não dá trabalho nenhum.
Mas ele cresce, minha gente. E começa a dar trabalho, e despesa, e requer atenção.
"Ah, já não tem piada...". Larga-se o pobre do animal à beira duma estrada. Pronto, problema resolvido! Não faz mal, é um animal, não sente...
ERRADO.
Isto poderá ser novidade para muita gente, mas
os animais também sentem.
Sim, é verdade, eles também têm sentimentos e, por vezes, muito mais fortes e reais que muita gente por aí. Porque, se formos a ver bem as coisas, quem abandona um animal à sua sorte porque quer ir de férias, ou já não gostam porque cresceu e já não tem piada e dá trabalho, é gente totalmente desprovida de sentimentos e que nem merece ser chamada como tal.
Sendo esta uma realidade recorrente neste país, porque não criar antes leis que visem avaliar com eficácia os futuros donos? Porque não criar formas de avaliar as condições de vida e capacidade psicológica de quem quer adoptar um animal? E sobretudo criar formas de punir judicialmente os maus-tratos e abandono de animais.
Isso sim, seria zelar pelo bem-estar dos animais e pela qualidade de vida destes e dos donos.
Muito mais que o meu T3 com 3 cães ou 5 gatos.
